O texto seguinte pode conter spoilers do livro “Inferno”, quarto volume da série Robert Langdon
Arrepiante! É o adjectivo que mais se adequa a várias das inquietantes passagens deste mirabolante volume de 551 páginas.
O autor é sobejamente conhecido. Dan Brown, responsável por sucessos como Anjos e Demónios, Código Da Vinci ou O Símbolo Perdido, leva-nos por uma viagem alucinante ao assombroso mundo de Dante Alighieri, naquele que é, à data, um dos melhores romances deste escritor norte-americano. Na minha opinião, e dentro das obras deste autor, Inferno é apenas suplantado pelo icónico Código Da Vinci, idolatrado por muitos e renegado por outros tantos.

A escrita de Brown é alvo de uma chuva de críticas, tanto positivas como negativas. É um tipo de escrita que me cativa, pela sua acessibilidade, pela forma única do autor em manter o suspense página atrás de página. Brown faz-nos sentir imersos no mundo a que nos convidou a entrar ao conseguir descrever ambientes, mostrar-nos um conhecimento único de ciência e arte sem perder o fio condutor da intriga que nos quer contar, nem sequer deixar de nos manter com o coração aos saltos enquanto nos conduz numa verdadeira aula de História.
No reverso da medalha, Brown perde leitores ao manter uma história-padrão nos quatro últimos volumes que escreveu. O protagonista, Robert Langdon, vê-se sem saber bem como a braços com uma conspiração a nível mundial, e na companhia de uma bela mulher decifra códigos e símbolos antigos. Depois de uma série de volte-faces, acaba por descobrir um segredo assustador. No fim, surge o clima de romance entre os protagonistas que termina com uma despedida, um até já que raramente se concretiza. Esta história parece-vos familiar? É o que acontece nos últimos livros de Brown, e Inferno não é excepção.
No entanto, penso que Dan Brown se esforçou por recuperar o público que perdeu em O Símbolo Perdido. Inferno revela problemas reais do nosso mundo, personagens extremamente humanos, conseguimos compreender as razões do vilão da história e posso até dizer que não existem personagens completamente maus. À excepção de Langdon, peço ao leitor que não confie em mais ninguém, pois tudo pode acontecer e reviravoltas incríveis estão à sua espera. O outro destaque positivo é a forma como Brown abordou os temas em questão, a profundidade q.b. que lhes deu, e como nos levou por uma visita guiada a Itália, de Florença a Veneza, para terminar a história do outro lado do mundo.
Inferno é um mar de truques, tentáculos que surgem das sombras, a obra de Dante Alighieri explorada num íntimo retrato do poeta italiano, uma abordagem real e assustadora do mundo em que vivemos. Dan Brown consegue-nos surpreender a cada capítulo, onde tudo o que achamos previsível se desmancha de um momento para o outro. Robert Langdon vê-se a braços com um inimigo que… se suicidou antes da história começar. Surpreendido, não?
Convido-vos a ler o livro. Não é nenhuma obra de literatura que ficará para sempre na nossa memória, mas sem dúvida é uma excelente forma de entreter e ficar a conhecer um pouco mais sobre A Divina Comédia de Dante e sobre riscos iminentes que o nosso mundo atravessa. A realidade consegue ser mais assustadora do que a ficção.
Avaliação: 9/10
Robert Langdon:
#1 Anjos e Demónios (lido não comentado)
#2 O Código DaVinci (lido não comentado)
#3 O Símbolo Perdido (lido não comentado)
#4 Inferno
#5 Origem
3 comentários em “Inferno”