O texto seguinte pode conter spoilers do livro “As Terras Devastadas”, terceiro volume da série A Torre Negra
O que mais tenho a dizer sobre o autor Stephen King? Já todos sabem que é um dos meus escritores favoritos e um dos mais célebres no género fantástico/terror. Aliando uma introspeção narrativa a uma descrição subtil de cenários e personagens, este autor consegue conquistar-nos com um sarcasmo permanente e muitas vezes impercetível a quem não estiver mais atento às camadas internas da narrativa. Essa ironia constante, aliada a um humor perverso e a uma sombra de terror cada vez mais aguçada, está uma vez mais presente no terceiro volume desta saga A Torre Negra.
Esta saga acompanha o pistoleiro Roland de Gilead, o último dos pistoleiros remanescentes que sobreviveram ao avanço do mundo, e o seu ka-tet: Jake, o rapaz de lunetas, Eddie, o ex-viciado em heroína, Susannah, uma afro-americana sem pernas e Oi, um billy-bumbler (um animal com traços de texugo e doninha). Em As Terras Devastadas, o grupo dá de caras com um urso gigante… com uma antena parabólica na cabeça. Isso é apenas o início de uma aventura que atingirá o seu ápice na cidade perdida de Lud, onde um diabólico comboio comandado por um demónio muito antigo os poderá matar a todos.
Viagens à Lareira #5: Este mês o desafio Viagens à Lareira “obrigava-me” a ler um livro de fantasia. Apesar de ter começado este livro no mês de Abril, demorei bastante tempo a acabá-lo, por isso é ele o eleito para o desafio.
SINOPSE:
Neste terceiro volume da série de culto, Roland prossegue com a sua demanda pela Torre Negra, mas agora já não está sozinho. Treinou Eddie e Susannah, que entraram no Mundo Médio em momentos diferentes no livro anterior, à velha maneira dos pistoleiros. Mas o seu ka-tet ainda não está completo. Falta escolher um terceiro elemento: alguém que já esteve no Mundo Médio, um menino que morreu não uma, mas duas vezes, mas que continua vivo. Os quatro do ka-tet, unidos pelo destino, terão de fazer uma longa viagem até às terras devastadas e à cidade destruída de Lud, que fica para além delas. Pelo caminho, encontrarão a fúria de um comboio, que pode muito bem ser o seu único meio de fuga…
Publishers Weekly
Library School
OPINIÃO:
Este não foi um livro fácil. A leitura foi morosa, a acção lenta, arrastada… mas tantas introspecções, e tantas aventuras que me pareciam inúteis acabaram por fazer sentido no seu todo, e cheguei ao final com a sensação que adorei o livro e cada vez mais adoro a maneira de King nos relatar cada evento. O que dá um certo encanto à narrativa é que vemos que King escreveu ao sabor da maré, nem ele sabe o que quer para a história e os acontecimentos vão surgindo e surpreendendo não só o leitor como também o autor. A história é muito simples, e consegue ser original, mesmo que os personagens e os contextos não o sejam. De uma forma muito subtil, o autor vai fazendo piadas a outras obras, literárias, musicais ou cinematográficas. O perfil do protagonista remete-nos ao Velho Oeste, e mesmo a ação lenta do livro faz-me lembrar a lentidão dos western spaghetti.
Mas o livro é muito mais do que isso. Tem demónios, cidades destruídas, ficção científica, quebra-cabeças que puxam pela nossa astúcia, uma fantástica química entre personagens e uma coesão incrível a formar-se entre eles. Se há momentos em que quase parece que estamos a ler um livro infantil – tão básica e simples que se torna a história e os diálogos – essa imagem é completamente esmagada quando percebemos a complexidade do Mundo Médio, o khef, ka, ka-tet (parece chinês, não?), e quando vemos a linguagem áspera e os diálogos cheios de palavrões entre os personagens.

Gostei também de o livro conter imagens. Não só torna os sinais encontrados pelos personagens mais identificáveis, como nos dá folga a tantas letras; este terceiro volume são 550 páginas com letras um pouco para o pequenas – o formato habitual da Bertrand. O livro no seu todo é bom, mas peca pela lentidão da leitura. O terço final do livro é excelente, e termina no seu auge, com um gancho muito apetecível para o próximo volume. Recomendo vivamente aos amantes de fantasia e, como diria Roland: não se esqueçam do rosto do vosso pai. 😛
Avaliação: 8/10
A Torre Negra (Bertrand Editora):
#1 O Pistoleiro
#3 As Terras Devastadas
#4 O Feiticeiro e A Bola de Cristal
#4,5 A Lenda do Vento
Ois,
Estou a ver que tenho que regressar a este universo, ainda tenho o 2 por ler e este por comprar 🙂
Mas vejo ai sinais que não gosto no escritor, ação, lenta, morosa rsrsr, mas pronto tenho mesmo que ler 😉
Abraço e excelente comentário
Oi
É mesmo lento, mas também é fascinante 😛
É uma saga muito boa, podes crer, e vai haver personagens que vais gostar.
Abraço.