O texto seguinte pode conter spoilers do livro “Os Pilares da Terra”, volume dois
Publicado em 1989, Os Pilares da Terra é uma das obras mais marcantes da carreira literária de Ken Follett. É um livro com mais de 1000 páginas, fraccionado em quatro partes que correspondem à fase temporal na qual a ação decorre. Em Portugal, foi dividido em dois volumes pela Editorial Presença.
Se o primeiro volume nos apresenta os personagens, as suas índoles, motivações e obstáculos, e de forma elegante nos mostra como eles se cruzam e perspetivam a construção da Catedral de Kingsbridge, neste segundo volume vemos como as suas intenções são conduzidas, como ultrapassam novos obstáculos e acima de tudo, como tudo se ajusta com o passar dos anos.

A história passa-se entre o condado de Shiring, tomado pelos cruéis Hamleigh aos herdeiros de Bartholomew, e o priorado de Kingsbridge, que passa de aldeia a cidade graças aos métodos e energia do novo prior Phillip e dos seus novos residentes. E se a construção da Catedral é o epicentro da narrativa, o personagem Jack revela-se o fio que liga todos os acontecimentos.
Começando como um rapaz simples e esquisito que passou toda a infância na floresta, acaba por se tornar um jovem bonito e, graças à influência do seu padrasto Tom, um artífice de talento. Passa também de um quase figurante em grande parte do primeiro volume, a grande protagonista da história. Os Pilares da Terra é um retrato ficcional dos conflitos entre a Igreja e a nobreza, que se iniciam com uma luta pela sucessão (o período histórico que ficaria conhecido como A Anarquia), e que termina no homicídio de Thomas Becket pelos cavaleiros às ordens de Henrique II.

SINOPSE:
Do mesmo autor do thriller “A Ameaça”, chega-nos o primeiro volume de um arrebatador romance histórico que se revelou ser uma obra-prima aclamada pela comunidade de leitores de vários países que num verdadeiro fenómeno de passa-palavra a catapultaram para a ribalta. Originalmente publicado em 1989, veio para o nosso país em 1995, publicado por outra editora portuguesa, recuperando-o agora a Presença para dar continuidade às obras de Ken Follett. O seu estilo inconfundível de mestre do suspense denota-se no desenrolar desta história épica, tecida por intrigas, aventura e luta política. A trama centra-se no século XII, em Inglaterra, onde um pedreiro persegue o sonho de edificar uma catedral gótica, digna de tocar os céus. Em redor desta ambição soberba, o leitor vai acompanhando um quadro composto por várias personagens, colorido e rico em acção e descrição de um período da Idade Média a que não faltou emotividade, poder, vingança e traição. Conheça o trabalho de um autêntico mestre da palavra naquela que é considerada a sua obra de eleição.
OPINIÃO:
Ao nível de leituras, comecei o ano da melhor maneira. A par de alguns contos, este Os Pilares da Terra foi mesmo o livro perfeito para ler junto à lareira, nas noites frias de janeiro. Para além de ser leitura obrigatória para todos os fãs de romance histórico, é dos livros mais consensuais para os fãs de literatura. A escrita de Follett é elegante e fluída, mas não é esse aspeto que realmente prende o leitor. São os personagens, a sua profundidade, a forma como eles se cruzam e relacionam, a forma íntima com que percorremos os seus pontos de vista e os vemos crescer, que nos apaixona. Muitos dos personagens são apenas crianças quando começamos a leitura do livro, e quando chegamos à última página, são já pessoas no crepúsculo da idade.

Sinto vontade de dizer que não gostei tanto deste segundo volume como do primeiro. De facto, as deambulações de Tom e da sua família, os reveses da jovem Aliena, a arrebatadora Ellen e a ingenuidade de um esperançoso Phillip são as grandes marcas que Os Pilares da Terra me deixam. Mas acima de tudo a forma como as vidas deles se foram cruzando, como os personagens se foram descobrindo e como a narrativa foi entrosada marcaram a primeira parte deste livro.
Nesse aspeto, senti que este segundo volume foi muito mais corrido, mas não posso apresentar isso como um defeito; se continuasse ao mesmo ritmo que outras fases, teria-se tornado um livro maçudo. Por outro lado, os acontecimentos neste segundo volume foram muito mais intensos e adorei o final dado a cada personagem. Lamentei a perda de protagonismo de Ellen, uma personagem com quem me maravilhei ao início, mas acabou por ser determinante no decorrer da trama. Um livro com momentos mais demorados e outros mais velozes, com personagens secundários a ganhar protagonismo e protagonistas a virar secundários, o que resultou num todo bastante satisfatório.
Não há muito mais a dizer a respeito desta obra-prima. Certamente é um dos melhores romances históricos que já li.
Avaliação: 9/10
Os Pilares da Terra (Editorial Presença):
#1 Volume Um
#2 Volume Dois
Viva,
Por acaso recordo-me que gostei mais deste segundo volume muito por culpa do desenvolvimento que Jack levou, que grande personagem 🙂
Mas concordo as personagens são o melhor que o livro tem para oferecer, muito bom
Abraço e boas leituras
Viva.
Sem dúvida, o Jack é um personagem muito peculiar, adorei a história dele 😀
Abraço e desejo-te o mesmo 😀
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