Verão é sinónimo de praias e corpos despidos, como tal Baywatch é um dos filmes que gerou maiores expectativas para esta estação. Pelas mãos da Paramount Pictures, a adaptação para o cinema de uma das séries de maior sucesso da TV mundial tem direção de Seth Gordon, responsável por filmes como Identify Thief e Pixels, e argumento de Damian Shannon e Mark Swift. Não sei se o filme consegue recuperar a mística da série televisiva, mas é, na minha opinião, delicioso. Baywatch é uma adaptação que, parecendo quase uma mistura de Velocidade Furiosa e American Pie, consegue reverter a imagem da série televisiva e até satirizá-la.
Baywatch narra o trabalho de uma equipa de nadadores-salvadores e a forma como eles se conectam e relacionam, ao mesmo tempo que tentam salvar a praia e os veraneantes dos inúmeros perigos que ali se podem encontrar, de afogamentos e animais marítimos a larápios e cartéis de droga. Uma das marcas da série televisiva que popularizou o produto entre os finais dos anos 80 e o início do atual milénio foi a progressão de imagens em slow-motion, quando os nadadores, homens e mulheres, corriam na areia para proceder aos salvamentos. O filme, na minha opinião, é mais hilariante que a série, recorrendo ao absurdo e ao ridículo para gozar com o próprio produto. Surpreendentemente, de forma bem sucedida.

Utilizando uma receita de grande sucesso, o mesclar de uma narrativa de ação com uma sequência de momentos de humor de ponta a ponta, Baywatch conquista essencialmente pela boa disposição e espírito leve, que se vai tornando mais emocional à medida que a narração apela aos sentimentos e aos laços que se vão formando entre os personagens. A sequência de acontecimentos é bastante previsível e o final é o esperado, desde os primeiros momentos da trama.
“Baywatch conquista essencialmente pela boa disposição e espírito leve, que se vai tornando mais emocional à medida que a narração apela aos sentimentos e aos laços que se vão formando entre os personagens.”
Um dos principais motivos para que o filme me tenha agradado foi, claramente, a prestação de The Rock. Dono de um carisma enorme, Dwayne Johnson carrega a trama às costas. Ainda que ele interprete o mítico Mitch Buchannon, papel desempenhado por David Hasselhoff por mais de uma década, é difícil observá-lo sem o colar a outros personagens de sucesso do ator. Ainda assim, a ligação entre o personagem de Johnson e o de Zac Efron acabou por ser uma das que revelou maior evolução ao longo da narrativa. Jon Bass foi outro dos atores que mais se evidenciou, como o hilariante Ronnie. Alexandra Daddario e Kelly Rohrback herdaram papéis femininos de vulto na série televisiva sem grande desafio, enquanto Priyanka Chopra não me convenceu como grande vilã.

Se algumas atuações não me encheram as medidas, podemo-nos perguntar se um enredo hilariante e a participação de grandes nomes do cinema são suficientes para fazer deste filme um sucesso. Não sei responder a isso. Posso dizer que, não sendo um filme brilhante, entreteu-me imenso e fez-me rir em grande parte do mesmo. Gostei sobretudo das relações entre os personagens, das inúmeras referências a outros produtos e do registo despretensioso. Não é um filme de guardar no coração, mas é um ótimo entretenimento de domingo.
Cuidado com os spoilers! Não faço grandes revelações, mas o plot principal está aqui.
O filme começa quando a equipa liderada por Mitch Buchannon começa a recrutar estagiários. Os candidatos são muitos, mas só estão abertas três vagas. Uma delas está previamente destinada a Matt Brody, antigo atleta olímpico que havia ganho duas medalhas de ouro antes de estragar a carreira quando, na véspera de uma prova, se entregou ao álcool, o que o fez vomitar dentro da piscina. Numa tentativa de o “reabilitar”, cordelinhos são mexidos para o incluir na equipa de Mitch, o que vai contra a ética do tenente.

Desde logo, a relação entre Mitch e Matt é difícil, vindo a passar por várias etapas ao longo da trama. Para além de Matt, também Summer e Ronnie passam nas provas e são adicionados à equipa, como estagiários. Enquanto Summer é uma jovem dedicada que desperta a atenção de Matt, Ronnie é um rapaz gordinho e atrapalhado que, completamente arrebatado pela bela nadadora C.J., não consegue falar na sua presença, acabando frequentemente envolvido em situações embaraçosas e hilariantes.
“Posso dizer que, não sendo um filme brilhante, entreteu-me imenso e fez-me rir em grande parte do mesmo. Gostei sobretudo das relações entre os personagens, das inúmeras referências a outros produtos e do registo despretensioso.”
A praia parece mais movimentada do que nunca e Mitch não se sente nada confortável com os invólucros de droga que são encontrados junto ao mar. A bela Victoria Leeds, a nova proprietária do clube noturno, parece estar ligada ao incêndio num barco e à aparição de corpos dados à costa, uma situação inusitada numa praia considerada tão segura. Mitch esforça-se por fazer justiça e resolver os vários problemas pendentes, quando nem os seus superiores nem a polícia parecem fazer nada quanto a eles e criam obstáculos à sua ação.

Seguindo a nova tradição de sucesso, o filme conta com cenas pós-créditos. Para além de alguns bloopers, há ainda uma cena protagonizada por The Rock e David Hasselhoff que deixa a sugestão de uma sequência. De resto, tanto as participações de Hasselhoff como a de Pamela Anderson, sem qualquer interferência na trama, vieram reforçar a intenção de um filme que, longe de maravilhar, consegue revelar-se um ótimo entretenimento.
Avaliação: 7/10
Hello!
Eu fui ver o Dunkirk e o Valerian. Não estava muito curiosa para ver este, mas a tua opinião está muito boa e desperta a curiosidade =P
Bjs e bons filmes!
Hello! 🙂
O Valerian também gostava de ver. Gostaste?