Orçamento é tudo, podem bem dizê-lo, mas a série Game of Thrones continua a provar, semana após semana, que colocar dinheiro nas mãos certas pode gerar produções de qualidade acima do vulgar. David Benioff e Dan Weiss, os produtores da série, conseguiram transformar a obra de culto de George R. R. Martin, mais atrasada que o produto televisivo, numa fanfic muito satisfatória. Os argumentistas mantiveram a consistência da trama e trouxeram o melhor que os livros ainda não tinham dado à série, informações do passado coletivo e relações interpessoais, por exemplo, enquanto satisfazem as massas com aquilo-que-todos-desejam-não-pára-de-acontecer.

SE AINDA NÃO VISTE A SÉTIMA TEMPORADA, ESTE ARTIGO PODE CONTER SPOILERS
O sucesso passa muito por jogar com a demora no lançamento dos livros. Se não parece provável que a narrativa de George R. R. Martin, a sair do forno, venha a trazer Daenerys para Westeros e a concretizar uma série de felicidades como as que temos verificado na série tão rapidamente (porque o velhinho é mesmo um sacana sádico), os produtores optaram, ao não ter mais material canónico para seguir, por ser bem mais amigáveis e satisfazer o público mais sentimental. De outra forma, os fios narrativos iriam distanciar-se tanto que o espectador poderia perder o interesse na trama.
A par desta sucessão de fortes emoções narrativas, como o reencontro dos Stark, a relação de Daenerys com Jon Snow e a guerra com Porto Real, são os efeitos especiais outro dos segredos do sucesso. Mortos que caminham, dragões a incinerar exércitos, batalhas navais de grande aparato e edificações monumentais são alguns dos ex-libris desta série televisiva que está aí para provar aos leigos que é muito mais que “tetas e dragões”, como muitas vezes é apelidada.

O quarto episódio, “The Spoils of War”, foi um dos que materializou da melhor forma essa receita, enquanto manteve a consistência narrativa, como a apresentação de Daenerys aos White Walkers por Snow, através de pinturas rupestres. Foi bom voltar a ouvir falar de Filhos da Floresta e de Primeiros Homens, ver Sansa, Arya e Bran juntos, perceber que o Mindinho tem ainda cartas na manga e que Tyrion ainda teme pelo irmão, e os próximos episódios prometem ainda mais ação. Ok, algumas gaffes têm sido cometidas, como confundir Volantis com a Valíria, dizendo que os que padecem de escamagris eram levados para lá, quando Valíria trata-se de uma civilização já extinta, mas nada que comprometa a sequência.
“Mortos que caminham, dragões a incinerar exércitos, batalhas navais de grande aparato e edificações monumentais são alguns dos ex-libris desta série televisiva que está aí para provar aos leigos que é muito mais do que “tetas e dragões”, como muitas vezes é apelidada.”
Segundo o jornal The Independent, os últimos vinte minutos do quarto episódio foram um verdadeiro trabalho de Hércules, com grande foco no personagem Jaime Lannister e na expectativa do que é ser atacado por um dragão. A criação do campo de batalha exigiu o trabalho de centenas de pessoas, 27 vagões, enormes quantidades de tinta preta, cinzas falsas e corpos carbonizados. Tanto o dealbar dos incêndios como a filmagem em tempo real foram quebra-cabeças para a direção, com recurso a várias câmaras para oferecer ao espectador a sensação de velocidade.
O Escorpião de Qyburn e o personagem Bronn foram outros dos destaques de uma sequência a que não faltou o relinchar dos cavalos, os gritinhos dothraki e o som metálico dos escudos de guerra. À semelhança da “Batalha dos Bastardos” da temporada passada, este golpe militar levado à tela fez-me sentir a adrenalina de uma batalha de verdade. Resta-nos esperar que o trabalho da produção continue árduo e que a HBO nos reserve mais momentos tão bem feitos como este.
Oie,
Não acompanho a serie mas chega a um ponto que é inevitável apanhar com spoilers dai ter lido e sem duvida que está ao rubro, espero que os livros tenham um rumo diferente, embora o final deva ser idêntico.
Grande artigo parabéns 😉
Abraço
Muito obrigado. É bem provável que os livros não tenham sequer rumo, mas a ter será bem mais complexo.
Grande abraço