Pelo menos, acho que disse. A ligação caiu, antes que conseguisse ouvir a resposta. É por isso que vou para a Austrália…
O TEXTO SEGUINTE ABORDA O LIVRO “UM MUNDO SEM HOMENS”, PRIMEIRO VOLUME DA SÉRIE Y: O ÚLTIMO HOMEM
Escrita por Brian K. Vaughan e desenhada por Pia Guerra, a BD Y: O Último Homem contou com a colaboração de Goran Sudžuka e Paul Chadwick e arte-final de José Marzán Jr. Apesar das várias tentativas falhadas para adaptar a obra ao cinema e à televisão, em 2011 a obra teve direito a uma homenagem em Portugal, com a curta-metragem de ficção O Fim do Homem, realizada por Luís Lobo e Bruno Telésforo e produzida pela Universidade Lusófona, que estreou em concurso no festival de cinema Fantasporto.
Publicada pela parceria Levoir com o Jornal Público a 19 de outubro do último ano, Um Mundo Sem Homens é passado em 2002, quando uma terrível calamidade atingiu a raça humana, matando todos os mamíferos com o cromossoma Y, com exceção de um homem e do seu macaquinho de estimação. A história acompanha as aventuras de Yorick Brown, que enfrentará vários desafios ao longo da sua jornada, bem como as mais variadas questões e dúvidas.

Um Mundo Sem Homens não foi um álbum muito fácil de ler. Para além da arte de Pia Guerra não ser muito atrativa, também esperava mais do argumento do Brian K. Vaughan. Não que o argumento de Um Mundo Sem Homens seja fraco. Simplesmente nem chega aos calcanhares do que Brian faz em Saga. É o risco que corre quem nos habitua mal e coloca a bitola bem lá em cima. Ainda assim, a série tem potencial.
“Y: O Último Homem é uma série que, por enquanto, fica pelo potencial“
Não gostei nem desgostei. Ficou num meio termo bem insosso, daqueles em que fica a sensação que não ganhamos nada por ter lido aquilo. Y: O Último Homem tem uma premissa bem interessante, diálogos cativantes e personagens com potencial, mas acaba por não acontecer nada de interessante para além do óbvio. Este primeiro volume limitou-se a apresentar aquilo que já sabíamos sobre a série antes de começar a lê-la.

Quando todas as criaturas com cromossoma Y morreram instantaneamente e sem explicação alguma, o mundo mudou sem hipótese de retrocesso. A sociedade tendencialmente masculina soçobrou e não houve como escapar a isso. O mundo encontra-se à beira do colapso, com o desaparecimento de mais de metade da população. As mulheres tornaram-se dominantes e procuram mostrar o seu talento para o poder, mesmo sabendo que não há salvação qualquer para a vida na Terra.
É a partir desta premissa que conhecemos Yorick e o seu macaco Ampersand, os dois únicos espécimes masculinos que sobreviveram à “praga”. Depois de tentar fugir às soluções pouco pragmáticas da mãe, uma mulher de grande importância na nação, Yorick é acompanhado por uma agente da autoridade, 355, vindo a encontrar ainda mais problemas quando se cruza com uma cientista de etnia chinesa e japonesa chamada Allison.

Após o “génerocídio” que exterminou 48% da população mundial, Yorick Brown é obrigado a enfrentar perigosas extremistas, enquanto tenta reencontrar a sua namorada que está do outro lado do planeta e descobrir porque foi ele o único homem a sobreviver. Y: O Último Homem é uma série que, por enquanto, fica pelo potencial, acabando por não cumprir minimamente com a ideia de jornada que fazia para este sobrevivente.
Mesmo o humor pareceu-me um tanto ou quanto forçado, sem grandes momentos de leveza. Ainda assim, tem tudo para melhorar nos próximos volumes, até porque não foi por acaso vencedor do Eisner para Melhor Série Continuada em 2008, sendo uma das séries mais consensuais dentro do selo Vertigo. A edição nacional já tem seis dos dez volumes publicados, que pretendo desbravar em breve.
Avaliação: 4/10
Y: O Último Homem (Levoir / Público)
#1 Um Mundo Sem Homens
#2 Ciclos
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