A primeira visão do sol de Trantor foi a de um espectro duro e branco, perdido numa miríade de outros e apenas reconhecível porque era indicado pelo guia da nave. As estrelas eram densas aqui, perto do centro Galáctico. Mas a cada salto, ele brilhava mais intensamente, afogando as restantes, empalidecendo‑as e diluindo‑as.
O TEXTO SEGUINTE ABORDA O LIVRO “FUNDAÇÃO”, PRIMEIRO VOLUME DA SÉRIE FUNDAÇÃO
Lê até ao fim e habilita-te a um passatempo!
Isaac Asimov é considerado um dos mestres da ficção científica, ao lado de nomes como Robert A. Heinlein e Arthur C. Clarke. Das suas obras mais reconhecidas faz parte a trilogia Fundação, que em 1966 ganhou um Hugo Award especial, reconhecendo-a como a melhor série de ficção científica de todos os tempos. Publicada originalmente no nosso país pela Colecção Argonauta, a série volta a ser publicada em Portugal, agora pela Edições Saída de Emergência, numa altura em que a Apple se encontra a desenvolver uma série televisiva sobre a obra.
A saga Fundação começa com a trilogia Fundação, Fundação e Império e Segunda Fundação, a que se seguiram várias sequelas e prequelas tendo como base a plataforma criada e os ingredientes lançados no livro inaugural. A versão nacional conta com um total de 288 páginas, tradução de Jorge Colaço e um prefácio de Jaime Nogueira Pinto, profundo conhecedor da obra de Isaac Asimov. Fundação é considerada a melhor obra do melhor escritor de FC de sempre.

Nunca pensei gostar tanto de um livro de ficção científica escrito na primeira metade do séc. XX. O livro inaugural da série Fundação, com o mesmo título, reúne cinco contos que foram publicados separadamente e reunidos pela primeira vez em 1951, formando um único enredo. Não esperem conhecer uma personagem com quem se identifiquem, que se desenvolva e se aprofunde até ao fim do livro. Não há aqui essa intenção e nem faz falta. A grande protagonista do livro é a Fundação que lhe dá nome.
“Fundação é um livro de ficção científica muito à frente do seu tempo, cuja influência promoveu dezenas de space operas que conhecemos hoje em dia.”
Por vezes senti que o livro vivia muito dos diálogos, que não havia grande descrição de facto e que muitas vezes as personagens falavam demais no sentido que apresentavam o mundo ao leitor como se eles próprios não o conhecessem. Mas isso acabou por facilitar muito a leitura. O livro é pequenino e ser à base de diálogos torna a leitura muito, muito fluída. A descrição é feita de forma subtil, mas está lá e isso torna a prosa de Asimov apetecível.

A narrativa ocorre numa era espacial futurista. Começa por contar a história de Hari Seldon, um filósofo e matemático que prevê, com base em estudos que mesclam a sociologia à estatística, a decadência e queda do Império Galáctico. A ciência que inventa, a Psico-História, serve não só para datar por linhas gerais o período em que se dará a queda, mas também para minimizar os estragos. Assim, Seldon prevê que se seguirão 30 mil anos de caos após a queda do Império, até que se erga um novo. E é esse período de barbárie que a sua ciência se esforçará por mitigar.
Oh, sim. Existe uma probabilidade de 1,7% de eu vir a ser executado, mas claro que isso não interromperá o projeto. Também tomámos isso em conta.
A exposição dos seus estudos em Tranton conduzem Seldon ao exílio, uma vez que se revela embaraçoso para o Império ser chamado à atenção para a corrupção praticada pelas elites políticas, bem como para a quebra do progresso, factores que o conduzirão à ruína. Com tudo isto previsto, Seldon escolhe um planeta remoto para se exilar. Trata-se de Terminus, para onde vai com os seus cientistas e sábios e ali ergue a Fundação, um santuário religioso que apela à paz e tenta atenuar, através da ciência e da preservação do conhecimento, os desastres do mundo.
Hari Seldon prevê que, para abreviar o tempo de caos em que a galáxia viverá após a queda do Império, a Fundação será obrigada a agir em termos políticos. A esses momentos chave para a evolução da raça, convencionou-se chamar de Crises Seldon. E é com essas crises que os senhores da Fundação, após a sua morte, serão obrigados a lidar. Personagens como Salvor Hardin e Hober Mallow são dos que, ao longo dos contos presentes neste livro, deixarão os nomes nas crónicas por tratar destas questões.

O livro não tem qualquer foco pessoal, conhece-se muito pouco sobre estas personagens e o que nos é dado a conhecer vem daquilo que visualizamos dos seus diálogos, da forma como interagem umas com as outras. Não há aqui qualquer relação amorosa premente nem um relacionamento que se dilate a longo prazo. O livro é intriga política de uma ponta à outra, curta e direta, por vezes demasiado rápida e pouco convincente. Ele fala sobre progresso e estratégias de inovação, sobre interesses visíveis e sub-reptícios, sobre honra e poder.
“A grande protagonista do livro é a Fundação que lhe dá nome.“
Fundação é um livro de ficção científica muito à frente do seu tempo, cuja influência promoveu dezenas de space operas que conhecemos hoje em dia. Acredito que se tivesse lido este livro à época, sem conhecer Star Wars, Battlestar Gallactica, Saga e companhias, teria ficado completamente deslumbrado com ele. Mas ainda nos dias de hoje, é um livro que vale muito a pena ler. Asimov diz muito, com poucas palavras.

E agora, o passatempo!
Ficaste curioso e queres ganhar um exemplar? Bem, envia-me uma frase com as palavras Fundação e Isaac Asimov para o email nnfer.85@gmail.com … e convence-me. Não tentes subornar-me ou fazer-te valer de afinidades, serás desqualificado. A mais completa e original ganhará um livro.
Para isso, tens de me enviar um mail até às 00:00 do dia 1 de fevereiro de 2019, com a frase, o teu nome e morada. Não te esqueças que só poderá participar uma única pessoa por endereço eletrónico e tens de viver em Portugal Continental. O vencedor será anunciado por aqui e receberá um mail com a notificação. Habilita-te!
Este livro será cedido ao vencedor em parceria com a editora Saída de Emergência.
Avaliação: 9/10
Fundação (Saída de Emergência):
#1 Fundação
Oie Nuno,
Fica registado como um livro a ler este ano, vem ai Cornwell, ha mais Martin por ler entre outras publicações mas a ver se leio, penso que haverá mais livros da serie logo tenho tempo 🙂
Abraço e boas leituras
Lê. É muito bom.