Para ver as cores tão verdadeiras e delicadas como elas são, é necessário possuir uma visão mais clara.
O TEXTO SEGUINTE ABORDA O LIVRO OLIVER TWIST
Charles Dickens é um dos mais reconhecidos romancistas ingleses. Escritor de vulto do século XIX, influenciou muitos outros escritores e criou obras que se tornaram clássicos da literatura universal, como Um Conto de Duas Cidades e Um Conto de Natal. Os seus romances são considerados obras de crítica social a uma sociedade onde a pobreza extrema e as más condições de vida e de trabalho são retratadas nas personagens memoráveis que criou.
Oliver Twist é um exemplo claro disso. Obra incontornável da literatura, este clássico de Dickens sofreu várias adaptações cinematográficas e televisivas e foi publicado um pouco por todo o mundo, tendo conhecido já várias edições no nosso país. Lançado originalmente em três volumes, a mais recente edição portuguesa é um volume condensado de 304 páginas pela Edições Saída de Emergência, que chegou até nós em 2019.

Se há livros que compramos pela capa, a recente edição de Oliver Twist pela Saída de Emergência enquadra-se perfeitamente nessa categoria. Adoro a capa. A história não me é nova, acho que todos nos lembramos da história do pequeno Oliver, quanto mais não seja no cinema. É uma história com pouco de interessante para quem queira ler algo novo ou entusiasmante, porque Oliver Twist é basicamente um dramalhão sobre as aventuras e desventuras de um menino órfão.
“Oliver Twist é considerada por muitos como a obra maior de Charles Dickens.”
Mas é sempre um prazer ler Charles Dickens. A sua escrita reflete muito a dos escritores daquela época, é uma narração tradicional em que o autor é o narrador e trata os leitores por tu, sem subterfúgios. Não é um estilo de prosa que aprecie pessoalmente, por vezes aborrece, mas Oliver Twist, como um todo, é uma leitura proveitosa que nos remete aos problemas e vicissitudes de uma época.

Numa pequena cidade de Inglaterra, durante a Revolução Industrial, uma jovem dá à luz um rapaz e morre logo de seguida. O pequeno órfão recebe o nome de Oliver Twist e vive os seus primeiros nove anos em instituições de caridade. O pequeno órfão procura sobreviver numa sociedade marcada pela fome, pela miséria e pela violência. Nem quando arranja trabalho como aprendiz de cangalheiro as coisas melhoram. Muitos são os que o olham de lado e desconfiam das suas intenções.
Sem conseguir suportar os maus-tratos, Oliver foge para Londres, a metrópole, onde acaba por se juntar a um bando de carteiristas, comandado por um patife chamado Fagin. É uma criança inocente e ingénua que tem de aprender a lidar com um mundo duro e injusto. Apesar de toda a desventura, ainda há lugar para a amizade e esperança num futuro melhor.

Oliver Twist é considerada por muitos como a obra maior de Charles Dickens. Destaca-se pelo realismo vívido e sobretudo pelas inovações que implementou à época, reproduzindo pela primeira vez uma versão menos simpática dos gangues londrinos, que eram por hábito retratados com charme e elegância, versões romantizadas da verdade que Dickens tentou descrever.
“Mas é sempre um prazer ler Charles Dickens.”
É muito isto a virtude do livro, a forma como revela a vida dura das crianças de rua que são usadas como “escravos”, num mundo polvilhado de ladrões, prostitutas e assassinos, ao mesmo tempo que desvenda certas nuances do submundo do Império Britânico. Polémico e subversivo para o tempo em que foi escrito, o livro tem no menino órfão a expressão da revolta face às adversidades e à corrupção, ao sofrimento, à delinquência e à desesperança.

Com um realismo impressionante, Dickens descreveu as prisões dos devedores, os trabalhos forçados, o trabalho infantil, a crueldade no ensino, a pouca fiabilidade da Justiça, dos órgãos públicos, do Estado. O trabalho de Dickens ajudou ao desenvolvimento da própria cultura britânica, para o reconhecimento das suas próprias falhas e injustiças. Aparte a polémica, Charles Dickens desenvolveu um retrato realista da Inglaterra de então, tornando o seu trabalho cânone das condições sociais existentes no tempo da Rainha Vitória.
Publicado originalmente em folhetim, em 1837/8, Oliver Twist é um dos livros mais famosos de Charles Dickens e o primeiro romance em língua inglesa a ter uma criança como protagonista. Nenhum romancista conseguiu jamais alcançar a dimensão de Dickens. Nenhum outro romancista britânico teve o sucesso de Dickens em países de língua inglesa, nem gravou na nossa memória coletiva as cenas sujas e as personagens arquetípicas do século XIX. O mundo de Dickens é a Inglaterra vitoriana, tirada a papel químico.
Avaliação: 7/10
Viva,
Fiquei curioso logo registado 😉
Abraço
Fiacha
Não deslumbra, mas é bastante interessante para a época em que foi escrito.
Abraço companheiro.