Mas com que objectivo? Porra, tenho que preservar o meu equilíbrio psicológico, de controlar o meu estado emocional e não me deixar vencer pelo cansaço!
O TEXTO SEGUINTE ABORDA O TOMO 3 E 4 DE DRUUNA (FORMATO BD)
Druuna é uma série de referência da banda desenhada erótica dos anos oitenta, originalmente publicada em 8 volumes, da autoria de Paolo Eleuteri Serpieri. Trata-se de um argumentista de banda-desenhada italiano, natural de Veneza. Começou a sua carreira profissional como pintor em 1966, antes de se virar para a banda desenhada, em 1975.
Serpieri ficou mais conhecido pela sua obra Druuna, obra de ficção-científica que tem sido aposta constante da editora portuguesa Arte de Autor. Em 2019 publicou o Tomo 3, que inclui os álbuns Mandrágora e Aphrodisia, e em 2020 o Tomo 4, que inclui os álbuns Planeta Esquecido e Clone. Estes dois álbuns quase terminam a história de Druuna, ficando apenas em falta o álbum A que Vem do Vento, que está previsto para ser publicado em outubro.

Druuna é uma BD por que eu nutro alguns sentimentos contraditórios. É uma série erótica algo sexista, com uma protagonista feminina completamente estereotipada e com todo o perfil de heroína pulp, que quase se limita a abrir as pernas ao longo dos álbuns. Não me parece existir uma narrativa que entusiasme realmente a leitura de Druuna. Mas, não deixa de ser brilhante. Há uma vontade em saber para onde ela se dirige. Qual o seu fim. E há um encantamento tácito neste álbuns.
“Um pesadelo que gostei de viver.“
É uma BD erótica, logo é esse o seu objetivo: o erotismo. O interesse nesta série é alimentado através da volúpia que ele desperta. Há sempre uma vontade em ver com quem vai a protagonista copular em seguida ou apreciar as suas curvas. E a chave deste sucesso está nas mãos talentosas de Paolo Eleuteri Serpieri. A sua arte é incrível e apaixonante, das expressões faciais de Druuna até aos detalhes de monstros, autómatos e cenários.

No terceiro livro, Druuna sai de um estranho sonho na companhia do seu amante Shastar, quando é convocada pelo comandante da nave. O «mal» existe a bordo, e é ela que tem de encontrar a fórmula do soro capaz de conter o flagelo. Druuna parte então para uma nova viagem cerebral ao coração da cidade de onde é originária. Aí reencontrará sem dúvida Shastar, mas também o seu gnomo salvador e o doutor Ottonegger, que lhe revelará o ingrediente necessário ao remédio que ela procura, uma flor misteriosa: a Mandrágora…
No quarto livro, e depois de viver um drama difícil de terminar, Druuna acorda dentro da sua nave espacial. Esmagada num mundo desconhecido, vagueia por uma cidade em ruínas e conhece os primeiros habitantes: seres estranhos, assustadores e ambíguos que a arrastam para as profundezas da terra… Eles precisam dela para sobreviver! Uma sequência infernal de cenas de sexo e de pesadelo ao qual é difícil ficar indiferente.

Serpieri não é um autor com que eu tenha simpatizado propriamente a nível de arte. A sua linha gráfica não está dentro daquilo que eu mais aprecio, mas muitas vezes precisamos ver que o que não nos enche tanto as medidas pode ser tão bom ou melhor do que “é mais a nossa praia”. Este é o caso. A arte de Paolo Eleuteri Serpieri é de um traço e de uma delicadeza inspiradoras, e a grande mais-valia da obra.
Os dois livros têm cadernos gráficos e dossiers com ilustrações inéditas. O último álbum do Tomo 4, Clone, trata-se de uma sequência alternativa, uma versão mais longa e explícita do sonho erótico de Druuna. Dentro da banda-desenhada erótica, a que Serpieri nos serve em Druuna é seguramente das mais fascinantes quer em termos visuais, quer em termos de metáfora onírica. Um pesadelo que gostei de viver.
Avaliação: 7/10
Druuna (Arte de Autor):
#1 Tomo 0 (lido não comentado)
#2 Tomo 1
#3 Tomo 2
#4 Tomo 3
#5 Tomo 4
#6 Tomo 5
4 comentários em “Estive a Ler: Druuna #3 e #4”