As palavras daquele tolo nervoso não estavam a fazer muito sentido, porém, no fim, entendi o que tentava dizer‑me.
O TEXTO SEGUINTE ABORDA O LIVRO “A ESPADA DOS REIS”, DÉCIMO SEGUNDO VOLUME DA SÉRIE AS CRÓNICAS SAXÓNICAS.
Criado no Essex, Bernard Cornwell sempre demonstrou muita curiosidade e interesse na história de Inglaterra, que correntemente é o palco das suas histórias. As Aventuras de Richard Sharpe, A Trilogia dos Senhores da Guerra e As Crónicas de Nathaniel Starbuck são algumas das suas séries mais famosas. As Crónicas Saxónicas foram também adaptadas ao pequeno ecrã através de uma série da BBC, The Last Kingdom, que conta com Alexander Dreymon como protagonista.
Publicado em outubro de 2019 com o título Sword of Kings pela Harper Collins, o décimo segundo volume de The Saxon Stories continua as batalhas levadas a cabo por Uthred de Bebbanburg escritas pelo autor britânico. Em Portugal, o livro foi publicado pela Saída de Emergência em 2022 com o título A Espada dos Reis, num total de 368 páginas e tradução de Neuza Faustino.
É verdade, as publicações nacionais de As Crónicas Saxónicas estão quase a alcançar o fim da meta. O penúltimo volume traz-nos um Uthred idoso, mas sempre espirituoso e supersticioso em igual medida. Depois de conquistar tudo o que queria, depois de ver amores partirem e de ficar ali para contar a história, poder-se-ia pensar que só lhe restaria ver os anos passarem até à hora da morte.
“Com grandes laivos de ficção, Cornwell é dos melhores romancistas contemporâneos a contar-nos a História como ela o foi.“
Mas não. Bernard Cornwell traz emoções fortes a esta história até ao seu último fôlego, fazendo todos os volumes serem muito simétricos em emoções. O velho Uthred ainda tem contas a pagar, aventuras a viver e ambiciona desesperadamente partir com a honra imaculada, sem falhar às suas promessas e, claro, com uma espada na mão.
A intriga política torna-se mais contundente quando Eduardo demonstra sinais de fragilidade e começa a ser visto como um elo mais fraco, susceptível a influências. A união do Wessex e da Mércia já viu dias melhores e os herdeiros da coroa podem colocar em risco as tréguas anteriormente definidas. Por sua vez, Uhtred de Bebbanburg empenha-se nos seus esforços de independência e tenta manter-se afastado dos focos de conflito.
Mas os fantasmas perseguem-no e o juramento que fez a Æthelstan traz ao velho herói dúvidas e receios quanto ao futuro da coroa e mesmo quanto ao seu. A Inglaterra sonhada por Alfredo nunca foi tão real, mas tanto a união está em perigo, como ataques e pedidos de ajuda desesperados o voltam a conduzir para o Sul, em nome do seu rei.

Cornwell continua o velho Cornwell que nos oferece os melhores duelos de espada na mão, língua afiada e impressionantes ironias do destino, e começa a sentir-se uma sensação de nostalgia à medida que a história se aproxima inequivocamente do fim. As personagens são muitas, muitas esquecíveis, mas Uthred e a sua jornada permanecerão connosco por muito tempo.
A história de A Espada dos Reis é mais uma dose de sangue, humor e terra conquistada a pulso, com uma escrita ágil, fluída e um ritmo mais baixo, mas bem entregue, ou não fosse o autor experiente como poucos na narração de um romance histórico. Com grandes laivos de ficção, Cornwell é dos melhores romancistas contemporâneos a contar-nos a História como ela o foi.
Este livro foi cedido em parceria com a editora Saída de Emergência.
Avaliação: 9/10
As Crónicas Saxónicas (Saída de Emergência):
#11 A Guerra do Lobo
#12 A Espada dos Reis
Pingback: Estive a Ler: Senhor da Guerra, As Crónicas Saxónicas #13 – Notícias de Zallar