Gawaine devia ter sucedido a seu pai, mas mal tinha visitado a sua
terra natal desde a coroação de Arthur e o povo não o conhecia.
O TEXTO SEGUINTE ABORDA OS LIVROS “O REI VEADO” E “O PRISIONEIRO DA ÁRVORE”, TERCEIRO E QUARTO VOLUMES DA SÉRIE AS BRUMAS DE AVALON.
A norte-americana Marion Zimmer Bradley nasceu em Albany, no estado de Nova Iorque. Começou a escrever na adolescência, tendo fundado uma revista para amadores de ficção científica aos dezassete anos de idade. Em 1964 obteve o seu diploma pela Universidade de Hardin-Simmons, em Abilene, no estado do Texas, fazendo depois estudos de pós-graduação na Universidade da Califórnia, em Berkeley, de 1965 a 1967.
A sua série mais popular iniciou-se com a publicação de As Brumas de Avalon, uma recriação da lenda arturiana que ainda hoje tem conquistado gerações. A autora é também conhecida pela série de ficção científica Darkover, entre muitos outros romances memoráveis. A Saída de Emergência volta a publicar esta conhecida série em 2022, com tradução de Gabriela Alves Neves. O terceiro volume, O Rei Veado, tem 272 páginas e o quarto, O Prisioneiro da Árvore, 320 páginas.
A Saída de Emergência regressa, em muito pouco tempo, ao mundo de Avalon, para a sua conclusão. Apesar de os dois primeiros livros terem sido agradáveis, mas lentos, os últimos dois celebram o mito arturiano como só Zimmler o conseguiu fazer, enaltecendo o papel da mulher e oferecendo-lhe a devida importância.
“É uma série de leitura pouco fluída, mas que termina sem margem para dúvidas de uma forma mais épica e entusiasmante com que se inicia.“
As Brumas de Avalon oscilam concomitantemente entre a relevância da mulher como sacerdotisa, como influência, como a engrenagem que faz girar os destinos do mundo, e a noção clara de que quase sempre elas estiveram na sombra dos homens. Não obstante todas as polémicas em torno da autora e alguma dificuldade em compreender os seus pensamentos, creio que esta leitura ajudou várias jovens ao longo das décadas a questionarem-se.
O Rei Veado transporta-nos aos anos decorrentes da coroação de Arthur, revelando a rainha Gwenhwyfar mais ardilosa do que nunca nos seus esquemas para consolidar a união de Arthur à Igreja; por seu lado Viviane confronta o rei pela traição contra Avalon e Morgaine planeia o casamento de Lancelet.
Quando a rainha descobre o seu plano, jura vingança, mesmo que Lancelet se sinta cada vez mais dividido. Avalon reforça a sua posição no que diz respeito a menter a identidade bretã contra o avanço cada vez mais ostensivo da Cristandade e a chegada de Gwydion, filho de Morgaine e Arthur, virá ter um papel determinante nessa questão.
O Prisioneiro da Árvore vem colocar frente a frente Morgaine e Arthur durante as celebrações do Pentecostes, com a magia das sacerdotisas e a busca pelo Graal a travarem um despique épico e a ambição desmedida de Mordred a colocar em causa tudo o que Avalon e o próprio Arthur edificaram.
É uma série de leitura pouco fluída, mas que termina sem margem para dúvidas de uma forma mais épica e entusiasmante com que se inicia. A versão arturiana de Zimmler tem as suas peculiaridades, mas a sua perspetiva feminina e os traços detalhados da sua narrativa contribuem para que ela tenha ganho grande repercussão nas gerações mais recentes quando se fala de Avalon e Artur.
Avaliação: 7/10