Estive a Ler: Singularidades de Uma Rapariga Loura + Nova, Nova, Nova, Nova!


“O dia estava de Inverno, claro, fino, frio, com um grande céu azul-ferrete, profundo, luminoso, consolado.” in Singularidades de Uma Rapariga Loura

O ano começa com duas opiniões de contos e, mais importante que isso, duas opiniões em português. O primeiro, “Singularidades de Uma Rapariga Loura” de Eça de Queirós, é um clássico da literatura nacional, publicado em 1902 na coletânea Contos, e que deu origem ao filme homónimo de Manuel de Oliveira (2009), com Ricardo Trêpa e Catarina Wallenstein nos principais papéis.

O segundo conto, é completamente o oposto. “Nova, Nova, Nova, Nova!” é uma ficção científica de Carlos Silva publicada no Open day da Start-up Cultural de Arruda dos Vinhos em 2022, resultado de uma instalação artística do autor.

SINGULARIDADES DE UMA RAPARIGA LOURA

Autor: “Eça de Queiroz nasceu a 25 de novembro de 1845 na Póvoa de Varzim e é considerado um dos maiores romancistas de toda a literatura portuguesa, o primeiro e principal escritor realista português, renovador profundo e perspicaz da nossa prosa literária. (…) Foi, pois, com o distanciamento crítico que a experiência de vida no estrangeiro lhe permitiu que concebeu a maior parte da sua obra romanesca, consagrada à crítica da vida social portuguesa e de onde se destacam O Primo Bazilio, O Crime do Padre Amaro, A Relíquia e Os Maias, este último considerado a sua obra-prima. Morreu a 16 de agosto de 1900, em Paris.” in Wook

Sinopse: “História de um jovem caixeiro, honesto e trabalhador, chamado Macário, que mora e trabalha com o tio Francisco e se apaixona por uma vizinha “loura como uma vinheta inglesa” chamada Luísa. Expulso da casa do tio, que não concorda com aquela união, e demitido do emprego, viaja às ilhas de Cabo Verde, onde enfrenta adversidades, para fazer fortuna e poder casar com sua amada. Mas uma falha no caráter de Luísa põe por terra os planos do rapaz.” in Wikipedia

Opinião: Eça de Queirós oferece sempre, mais do que a beleza da sua prosa, uma profundidade reflexiva. É difícil de descrever a capacidade que o autor tem de nos fazer compadecer dos seus protagonistas tantas vezes imberbes, sobretudo porque nos sentimos na sua pele. Quantas vezes já sofremos por amor, quantas vezes já fomos tão “ridículos que dói”? O peso da sua obra está nos sentimentos, mas também nos detalhes, e este Singularidades é mais um retrato poderoso de um tempo, do qual poucos para além dos livros têm memória.

Avaliação: 7/10 – 3,5 ESTRELAS

NOVA, NOVA, NOVA, NOVA!

Autor: “Carlos Silva (1989) é escritor de ficção científica e fantasia com contos publicados em Portugal, Espanha e Brasil. O seu romance Anjos ganhou o Prémio Divergência em 2015. É coautor da biografia em banda-desenhada de Rafael Bordalo Pinheiro, editada pelo museu dedicado a este artista, que ganhou o prémio de Melhor Publicação Independente dos Troféus Central Comics 2020.” in Wook

Sinopse: “Jorge e Xispê fogem de casa em busca da mítica Bruxa da Arruda que os possa ajudar a encontrar uma alma para o seu amigo sintético.” in Goodreads

Opinião: Não é por acaso que Carlos Silva – para além de editor, organizador de eventos e entusiasta do género – é dos melhores autores portugueses a escrever ficção científica. Este pequeno conto prova isso mesmo, resgatando pequenos tropos do género idealizados por Isaac Asimov com as suas leis da robótica e subvertendo-as, sem esquecer o contexto português e a localização do conto, bem como algumas bicadinhas à volatilidade do povo.

Avaliação: 7/10 – 3,5 ESTRELAS

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