O agitado ano de 2022 está a chegar ao fim e, depois de muitos livros, BDs e eventos, tenho a liberdade de opinar sobre os meus preferidos. Superei em larga escala a minha ideia de ler 50 livros (muito por “culpa” das excelentes BDs de leitura fácil que foram sendo publicadas) e cheguei ao fim do ano bem satisfeito de leituras. Podes ver aqui a minha lista anual.
Foi o ano em que o NDZ fez 10 anos e, embora sem a pujança de outros anos, permiti-me a continuar assíduo e a trazer até vós o melhor do que é publicado por aí no que diz respeito a fantasia, FC, horror e afins. Terminei as sagas Três Coroas Negras, Rainha Vermelha, As Brumas de Avalon e As Crónicas Saxónicas, bem como as BDS Outcast, Moonshine e Long John Silver. Apesar das boas leituras, foi um ano em que não atribuí nota 10 a qualquer livro.
MELHOR LIVRO

Senhor da Guerra, Bernard Cornwell
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Entre os poucos livros a que dei uma nota muito positiva este ano, encontram-se os livros de Bernard Cornwell e não só pelo livro em si, mas também por ser o último volume das incríveis Crónicas Saxónicas, Senhor da Guerra leva o troféu. Outros livros que também me agradaram muito foram O Homem das Castanhas de Søren Sveistrup, Corpus de Rory Clements e os volumes lidos das BDs Monstress de Marjorie Liu e Sana Takeda ou Ascender de Jeff Lemire e Dustin Nguyen.
MELHOR FANTASIA

A Torre dos Loucos, Andrzej Sapkowski
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Este ano a fantasia publicada passou-me ao lado. Li algumas young adult, que raramente me agradam, e bandas-desenhadas que se enquadram neste género. Mais para o fim do ano li A Torre dos Loucos, o primeiro volume da Trilogia Hussita de Andrzej Sapkowski. Confesso que não esperava que a Saída de Emergência publicasse outras obras do autor polaco em Portugal para além da saga The Witcher, que me agradou, e tenho de sublinhar que este livro em si também me surpreendeu.
Apesar de se passar no nosso mundo real, traz o melhor que The Witcher nos ofereceu, com muitas reviravoltas e uma escrita corrosiva e bem-humorada. De resto, sabem como eu aprecio livros grossinhos e este faz jus ao tamanho. Outras fantasias que me suscitaram agrado, em menor escala, foram Trono Partido de Victoria Aveyard, Lugar Nenhum – Neverwhere de Neil Gaiman e a série As Brumas de Avalon de Marion Zimmer Bradley.
MELHOR FICÇÃO CIENTÍFICA

O Restaurante no Fim do Universo, Douglas Adams
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Pensei que fosse uma escolha mais difícil de tomar, mas acabei por optar facilmente por O Restaurante no Fim do Universo de Douglas Adams. Outra leitura muito boa foi Limites da Fundação, o quarto volume da saga de Isaac Asimov, mas a sequela de À Boleia Pela Galáxia, também ela publicada pela Saída de Emergência, foi uma leitura muito divertida que me preencheu mais como leitor.
Starsight, a sequela de Skyward de Brandon Sanderson foi também uma leitura agradável, mas ainda não consigo sentir na FC de Sanderson a mesma mestria que ele revela no que diz respeito a fantasia. Também li várias BDs com elementos de FC que se revelaram boas leituras.
MELHOR HORROR

Bebida de Guerra, Brian Azzarello e Eduardo Risso
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Talvez seja contraproducente escolher uma BD, mas faço-o por uma questão de justiça. Não li nenhum livro que fosse manifestamente de horror, sem que tivesse na fantasia ou na investigação policial as suas principais variáveis, e a BD Moonshine merece, mais do que por este volume final, mas por toda a série, a minha referência.
Como tal, torna-se claro para mim que o melhor livro de terror de 2022 foi Bebida de Guerra, o último volume da série de lobisomens Moonshine, da dupla Brian Azzarello e Eduardo Risso. Outro álbum de grande qualidade foi o volume final de Outcast de Robert Kirkman e Paul Azaceta, que conseguiu coroar uma série que nem sempre me convenceu. Ambas foram publicadas pela G Floy Studio Portugal.
MELHOR ROMANCE HISTÓRICO

Senhor da Guerra, Bernard Cornwell
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A melhor leitura do ano vence sempre na respectiva categoria e este ano não é excepção. Não significa que a concorrência não tenha sido forte. Este foi o ano dos romances históricos por excelência, e Senhor da Guerra vence muito por ser a minha última oportunidade de o poder fazer com um autor que sempre me agradou. Corpus de Rory Clements também foi uma leitura muito boa, tendo também ficado agradado com Noivas de Roma de Debra May MacLeod.
As Brumas de Avalon é outra série que, apesar de ter fantasia, retrata muito bem uma época real, assim como a própria A Torre dos Loucos de Sapkowski, ao abordar as convulsões políticas do século XV. Com o seu relato intrincado sobre a História de Inglaterra, Senhor da Guerra foi publicado pela Saída de Emergência.
MELHOR POLICIAL / THRILLER

O Homem das Castanhas, Søren Sveistrup
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Publicado pela Editora Suma, da Penguin Books, O Homem das Castanhas esteve na calha para ser eleito a melhor leitura do ano. Um policial denso, com personagens fáceis de se gostar, crimes nojentos e revelações surpreendentes, a obra de Søren Sveistrup foi adaptada pela Netflix e revelou-se uma leitura muito boa.
Li outros policiais bons. Richard Osman levou o ano passado o troféu de minha melhor leitura do ano com o seu Clube do Crime das Quintas-Feiras e a sequela, O Homem que Morreu Duas Vezes, foi igualmente boa. Só não lhe dei maior valor por já ter perdido o factor surpresa, mas não canso de recomendar o livro da Editorial Planeta. Joël Dicker também continua a ser um autor assíduo, este ano li o agradável Enigma do Quarto 622.
MELHOR YOUNG ADULT

Trono Partido, Victoria Aveyard
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Apesar de não ser propriamente um volume da saga, na verdadeira asserção do termo, Trono Partido de Victoria Aveyard, com as suas anotações, glossários, cronologias, mapas e contos avulsos, consegue revelar mais qualidade do que os outros livros juvenis que li este ano. Na verdade, como a saga Rainha Vermelha sempre fez. Os contos são de uma elegância e de uma profundidade muito refrescantes e acabam por encerrar definitivamente a história.
Viúva de Ferro de Xiran Jay Zhao foi outra boa leitura de ficção juvenil, com um wordbuilding muito interessante, embora tenha sentido falta de desenvolvimento nas personagens. Num patamar inferior, terminei a saga Três Coroas Negras de Kendare Blake, que revelou alguns apontamentos interessantes.
MELHOR ANTOLOGIA / COLETÂNEA

Tarzan dos Macacos e Outras Histórias da Selva, Vários Autores
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As edições em capa dura da Saída de Emergência são sempre uma maravilha de ler e de observar, e este ano não foi exceção. Depois de Poe, Lovecraft e Howard, foi a vez de ser Edgar Rice Burroughs e o seu Tarzan os homenageados. Confesso que nunca tinha lido nenhuma história protagonizada por Tarzan, e gostei imenso desta coletânea, que inclui o romance original e os contos.
O que dizer das ilustrações? 24 artistas nacionais a fazerem o que sabem fazer de melhor. Este volume competia apenas com Trono Partido e com as BDs de Preto, Branco & Sangue da G Floy, e não tive dúvidas na hora da escolha. O Tarzan dos Macacos e Outras Histórias da Selva leva a melhor.

MELHOR BD
O Mago Digital, Jeff Lemire e Dustin Nguyen
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Foi o género literário que mais li este ano e não foi uma decisão fácil. Para mim é muito difícil não escolher Monstress de Marjorie Liu e Sana Takeda, a minha BD preferida no momento, mas os volumes mais recentes de Ascender foram de facto muito bons e a dupla Jeff Lemire e Dustin Nguyen merecem e muito a minha indicação. De resto, a G Floy Studio tem feito um trabalho incrível em Portugal.
Há ainda outros livros a ter em conta, como os finais de Moonshine e Outsider, Sara de Garth Ennis e Monstros de Barry Windsor-Smith, para além das séries antológicas a Preto, Branco & Sangue e muitas outras. Continuei também a leituras dos mangás One-Punch Man e The Promised Neverland.
MELHOR NACIONAL

Abelterium, Lívia Borges
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Li bons livros nacionais este ano, sobretudo de autores menos conhecidos. Vários, a propósito de blurbs para a Editorial Divergência, revelaram-se excelentes leituras e embora a minha opinião possa ser suspeita, deixo ao vosso critério a experiência de pegar nesses livros. Pela Trebaruna, li Abelterium de Lívia Borges, que fala sobre a passagem romana no nosso país e posso dizer que fiquei com carinho pela história.
Outras leituras nacionais agradáveis foram Os Vampiros, de Filipe Melo e Juan Cavia, BD que já estava na minha lista de leituras há alguns anos, o conto Nova, Nova, Nova, Nova, de Carlos Silva, e o segundo volume das aventuras de Benjamim Tormenta de Luís Corte-Real, Assim Falou a Serpente, que continuou a assinar alguns contos bem interessantes.
Desta forma deixo-vos com a esperança que tenham tido um ano tão bom em leituras como o meu e que o próximo seja ainda melhor. Em livros, em saúde e em amor. Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.