Estive a Ler: The Way of Kings, The Stormlight Archive #1


Life before Death. Strength before Weakness. Journey before Destination.

O TEXTO SEGUINTE ABORDA O LIVRO “THE WAY OF KINGS”, PRIMEIRO VOLUME DA SÉRIE THE STORMLIGHT ARCHIVE

Brandon Sanderson é uma estrela em ascensão na fantasia norte-americana, conhecido essencialmente pela saga Mistborn, mas também por ter terminado a série de fantasia épica A Roda do Tempo de Robert Jordan, após o seu falecimento. Em 2010, o autor nascido no Nebraska iniciou uma nova série de fantasia, The Stormlight Archive, cujo primeiro volume se chama The Way of Kings, para além de várias séries direccionadas para o público jovem-adulto.

Atualmente, para além de ser um dos autores mais prolíficos de literatura fantástica, Sanderson dá aulas de escrita criativa e participa em podcasts sobre escrita e o género fantástico. Ficou também conhecido por definir as leis da magia na ficção fantástica e por criar uma rede bem estruturada de sagas passadas no mesmo universo: a Cosmere, com várias personagens e ingredientes que se cruzam e interferem em vários dos seus mundos. The Way of Kings foi publicado pela Tor Books e tem um total de 1007 páginas.

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Sim, TSA é tudo aquilo que dizem! | Fonte: https://gfycat.com/discover/awesome-gifs

Só agora, Nuno? Sim, posso ter demorado muito tempo a pegar nesta saga – demasiado tempo – mas digo que valeu a pena. Em primeiro lugar, porque me permitiu ler quase tudo o que Brandon Sanderson escreveu fora de The Stormlight Archive antes e partir para a sua magnum opus com a certeza de que iria ler algo melhor. Em segundo lugar, porque este livro me chegou na altura certa, quando precisava quase desesperadamente pegar numa série de fantasia de qualidade. O livro não é perfeito, mas li-o no momento ideal para mim.

“Não vejo a hora de continuar a ler mais sobre Kaladin e Dalinar, dois personagens épicos que prometem vir a tornar-se dos meus preferidos na literatura fantástica.

Se aquilo que mais critiquei em Brandon Sanderson noutras séries e livros foram os diálogos pouco consistentes, a menor credibilidade de alguns sets e várias inconsistências mas, principalmente, demasiadas explicações para tentar justificar as suas falhas, The Way of Kings trouxe-me qualquer coisa de diferente. Não digo que não tenha as suas incongruências, duvido até que um mundo como o descrito fosse possível de existir, mas Roshar é, definitivamente, a melhor criação do autor norte-americano.

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Fonte: https://www.amazon.com/Way-Kings-Brandon-Sanderson/dp/0765365278

Visualmente, os sets são bastante apelativos. Roshar é um shardworld diferente do Scadrial de Mistborn, Threnody de Sombras para Silêncio nas Florestas do Inferno, Nalthis de Warbreaker, Sel de Elantris ou Taldain de White Sand. De todos, o menos parecido com a nossa Terra e, como todos os outros, com as suas peculiaridades. Como todos os outros, sim, ABSURDAMENTE incrível.

Ele é acometido por highstorms, tempestades tão violentas que a fauna e a flora tiveram que se adaptar, muitas delas recolhendo-se para dentro de conchas. Toda a geografia precisou tornar-se predominantemente rochosa, para poder sobreviver às tempestades. É por isso comum ver criaturas atípicas, crustáceos e monstros com propriedades bem peculiares, a perambular por aquelas rochas. E mesmo os humanos têm as suas características.

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Dois personagens que prometem forte e feio para o segundo volume | Fonte: https://io9.gizmodo.com/words-of-radiance-brings-epic-back-to-epic-fantasy-1541600095

Uma das características mais marcantes na obra de Brandon Sanderson é a marcada divisão entre ricos e pobres, nobreza e plebe, que serve de motor para muitas das suas tramas (vide Mistborn). The Stormlight Archive não é excepção. Aqui, é a cor dos olhos que distingue uns dos outros. Os nobres têm olhos claros, os de baixo estrato olhos escuros. Por curiosidade, só as mulheres podem ler e escrever e devem manter a mão esquerda fora de vista.

A mitologia de Roshar também é bem complexa, mas assenta em grupos como os Voidbringers (seria qualquer coisa como Portadores do Vazio em português), os Heralds (Arautos) e os Knight Radiants (Cavaleiros Radiantes). O prelúdio do livro passa-se 4500 anos antes do início da história quando, após uma batalha entre os terríveis Voidbrinders contra os Heralds, estes últimos puseram um ponto final nas guerras contra os seres das trevas, comunicando ao mundo a sua vitória, e partiram, deixando para trás tanto as suas armas como a sua humanidade.

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Kaladin, o melhor | Fonte: https://epicfantasyfanatics.com/the-way-of-kings-by-brandon-sanderson-reviewed-by-andy-peloquin/

Essas armas tornaram-se importantes objetos místicos para os humanos. É importante reter que os Heralds eram dez e que cada um possuía dez ordens de Radiants. Nesse capítulo preambular, o leitor compreende que um dos Heralds decide ficar, apesar de nada na sua História mostrar o que lhe aconteceu ou por onde anda. Certo é que os Radiants que ficaram se revoltaram contra os humanos, e que todas estas figuras se dissiparam no tempo, tornando-se apenas parte do panteão, numa religião predominantemente centrada na figura do Almighty (Todo-poderoso).

A religião é, de facto, um dos temas centrais em qualquer obra de Brandon Sanderson, que não escamoteia as suas convicções mormon. Esse aspeto está também muito relacionado com a magia, e os sistemas de magia são a sua mais-valia. Em The Way of Kings, essa vertente é menos explorada, mas vários indícios nos mostram que virá a ser preponderante no futuro e de forma mais complexa que o habitual. O sistema de magia é composto por surgebinding e voidbinding, sendo que cada um deles é dividido em dez grupos mais restritos, o que assemelha visualmente o seu esquema à Árvore da Vida da Cabala.

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Que quantidade de personagens badass | Fonte: https://www.17thshard.com/forum/gallery/image/351-the-way-of-kings-characters-ii/

Do pouco que nos é dado a conhecer sobre as magias neste primeiro volume, vemos que estão relacionadas ao uso de determinados objetos. São exemplo disso as gemstones no interior de certos monstros, as soulcasters, artefactos capazes de transformar objetos em outros, como pedras em comida, por exemplo, ou os míticos shardblades e shardplate, espadas e armaduras que tornam um guerreiro praticamente invencível, a que é chamado de shardbearer.

Neste primeiro volume, The Way of Kings, a ação ocorre praticamente toda em Kharbranth e nas Shattered Plains. Tudo começa quando um shin chamado Szeth-son-son-Vallano se infiltra num festim organizado pelo rei de Alethkar, Gavilar Kholin. Szeth é um truthless, ou seja, uma espécie de assassino que não tem como negar qualquer ordem que lhe seja endereçada. A sua tarefa consiste em ser visto a matar o rei dos Alethkar, mesmo que isso o destrua por dentro.

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O mapa de Roshar foi inspirado no Conjunto de Julia, um sistema matemático | Fonte: https://brandonsanderson.com/books/the-stormlight-archive/the-way-of-kings/the-way-of-kings-art-gallery/

Após um combate acérrimo com shardplate e shardblade, Szeth mata o rei e desaparece. Antes de morrer, Gavilar incute ao seu irmão Dalinar que siga as indicações de um livro que ele próprio andava a investigar, The Way of Kings, escrito muito tempo antes por um ancião, e que se diz conter os mistérios de uma governação sábia. O seu irmão nunca se perdoou por passar o banquete embriagado e não ter conseguido salvar Gavilar, dedicando-se então ao estudo do referido livro.

Dalinar Kholin é uma das personagens maiores do livro. Foi em jovem um guerreiro sem igual, que venceu muitas e muitas batalhas em nome do irmão. A lealdade a Gavilar foi tal, que abdicou do amor que sentia por Navani para o deixar desposá-la. Tornou-se um highprince, uma espécie de deputado lá do sítio, e após a morte de Gavilar apoiou a coroação de Elhokar, o filho mais velho do rei, que trata com toda a dedicação.

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Dalinar e Adolin, que personagens! Fonte: https://www.pinterest.com.mx/pin/466826317618111920/

No entanto, a investigação a The Way of Kings veio acompanhada pelo assomo de várias visões do passado e do futuro, o que faz Dalinar duvidar de si mesmo e da sua sanidade. Tenta ser um conselheiro sensato para o jovem rei, defendendo Alethkar acima de tudo, ao mesmo tempo que procura ser um pai exemplar para os seus dois filhos, o honrado Adolin – também ele um shardbearer – e o enfermiço Renarin. Mas há uma cobra venenosa a sabotar-lhe os planos: o highprince Sadeas, que influencia o rei contra o tio.

“A religião é, de facto, um dos temas centrais em qualquer obra de Brandon Sanderson, que não escamoteia as suas convicções mormon.

Apesar de ser desconhecido o mandante do homicídio do rei Gavilar, o povo Parshendi acusou a autoria do mesmo, o que desencadeou um conflito mais grave entre as duas nações e despoletou uma série de batalhas que Davilar tem dúvida de que sejam, de facto, necessárias. A maior parte de The Way of Kings é passada nas campanhas de Elhokar contra os Parshendi, com Dalinar e Sadeas a tentarem influenciar o rei à sua maneira.

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Os protagonistas | Fonte: https://www.deviantart.com/botanicaxu/art/The-Way-of-Kings-Characters-I-428230782

Devido aos terríveis abismos que separam os territórios, foi necessário criar um novo cargo no exército: os bridgemen, homens que constroem e carregam as pontes de um lado para o outro, sendo muitas vezes usados como carne para as flechas do adversário, uma vez que são os primeiros a aparecer na linha de combate. São maioritariamente compostos por escravos, uma facção militar essencial mas ainda assim feita para morrer, sendo os seus titulares facilmente substituídos.

O protagonista da série torna-se um destes homens. Kaladin Stormblessed era filho de um cirurgião e foi educado para se tornar também um, mas quando o seu irmão Tien se alistou no exército, Kaladin fez o mesmo para o proteger. Para seu desgosto, viu o irmão morrer e tornou-se um lanceiro digno de respeito e louvor. Hábil com a lança e trucidado pela morte de Tien, Kaladin jurou que protegeria a vida de outros com a sua. Uma batalha terrível e uma traição, porém, levaram-no para a escravatura, e a escravatura levou-o a ser um bridgeman do highprince Sadeas.

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Kaladin e Syl | Fonte: https://www.tor.com/2017/07/17/cosplaying-the-stormlight-archive-alethi-uniforms-and-the-havah/

Ao lado de Kaladin, um dos guerreiros mais honrados e mentalmente poderosos da literatura fantástica, conhecemos personagens incríveis como a windspren Sylphrena, um espírito inocente e bem-humorado que vai aprendendo mais sobre a natureza humana ao longo do livro (e que me fez lembrar a fada Sininho de Peter Pan), ou os bem mais realistas e credíveis Gaz, Rock, Moash, Sigzil ou Lopen. Kaladin torna-se o líder bem sucedido da Bridge Four, tendo como meta não perder qualquer homem durante as operações.

Em Kharbranth, um dos reinos independentes unido a Alethkar e a Jah Keved pela religião conhecida por Vorinism, conhecemos Shallan Davar, a protagonista feminina do livro. Ali ela encontra Jasnah Kholin, filha do rei morto Gavilar com Navani e irmã do atual monarca de Alethkar, Elhokar, que se tornou uma empenhada estudiosa, manifestamente ateísta. Com base em correspondências que haviam trocado antes, tenta tornar-se sua aluna e aprender mais sobre a religião em voga.

Conhece também outras personagens, como o rei de Kharbranth, Taravangian, famoso pela sua faceta solidária e pela criação de um sistema de saúde oleado, ou Kabsal, um ardent com falsas pretensões para com a jovem. Pouco a pouco, Shallan vai mostrando que as suas intenções em Kharbranth são tudo menos ortodoxas, mas percebe também que Jasnah e a sua investigação têm uma agenda secreta.

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Shallan | Fonte: http://stormlightarchive.fandom.com/wiki/Shallan_Davar

The Way of Kings é um livro com cinco partes e três interlúdios, um preâmbulo e um prólogo. Há várias personagens com capítulos de ponto de vista, sendo os mais importantes Dalinar, Adolin, Shallan, Navani, Szeth e principalmente Kaladin, que possui também capítulos flashback. Há ainda espaço para capítulos de personagens que desconhecemos, como Kalak, Axies The Collector, Baxil, Ishikk ou Cenn, que servem para conhecermos mais pormenores deste mundo.

Hoid, uma personagem que entra em quase todas as obras de Brandon Sanderson passadas na Cosmere, também tem aqui algum destaque, e embora pouco seja revelado sobre os seus mistérios, fica cada vez mais evidente a importância da personagem para o futuro do universo. Neste livro, ele é apresentado como o bobo da corte do exército de Elhokar e tem conversas bem interessantes tanto com Dalinar como com Kaladin.

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Kaladin | Fonte: https://picgym.net/cadmium.paintbrush/photo/1919982423798619048_2317824732

O livro é grande e sinto que esta recensão também se está a tornar, mas é difícil realmente não dizer tudo o que sinto em relação a ele. Pode não ter frases de efeito que me tenham enchido as medidas, pode não ser nada de significativamente original, mas efectivamente é original e efectivamente Brandon Sanderson consegue fazer um worldbuilding incrível. Melhor do que qualquer outro que já criou. Ou, pelo menos, mais agradável e consistente aos meus olhos.

Mesmo correndo o risco de tornar o livro cansativo, sabe desenvolver personagens como nunca antes o fez. Posso dizer que, apesar de Kaladin ocupar vários ofícios ao longo do livro, ele passa praticamente todas as mil páginas no cenário destroçado de guerra contra o exército Parshendi. Toda a humanidade da personagem, toda a sua sede de viver, o engolir das mortes, o trabalho no carregamento das pontes, a discrição minuciosa desse trabalho, revelam que Brandon Sanderson chegou onde precisava efectivamente chegar.

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Oh, Szeth! | Fonte: http://my-hero-academia-fanon.fandom.com

O desenvolvimento de personagens e o detalhe dos cenários é incrível sem passarmos por qualquer problema de infodump. Até agora, eu via Brandon Sanderson como alguém que queria ensinar os outros a escrever quando ele próprio falhava em vários quesitos, mas The Stormlight Archive parece ser o seu melhor trabalho, e ainda estou apenas no início. Há alguns plot-twists, talvez não tão explosivos como em Mistborn ou Warbreaker, mas parece fazer aqui tudo com muito mais cabeça e não apenas coração. Os sistemas sociais, religiosos e mágicos são também mais complexos e misteriosos.

Este é o primeiro livro de uma saga que se pretende ter dez e dos quais apenas três estão publicados, mas não tenho dúvidas de que será a obra maior de Brandon Sanderson. Se, mesmo com uma série de falhas eu continuava a acompanhar avidamente o seu trabalho, o que direi agora? Não vejo a hora de continuar a ler mais sobre Kaladin e Dalinar, dois personagens épicos que prometem vir a tornar-se dos meus preferidos na literatura fantástica.

Avaliação: 10/10

Cosmere:

The Stormlight Archive (Tor Books):

#1 The Way of Kings

#2 Words of Radiance

#2.5 Edgedancer

#3 Oathbringer

#4 Rythm of War

Mistborn Era 1 (Saída de Emergência):

#1 O Império Final

#2 O Poço da Ascensão

#3 O Herói das Eras Parte 1

#4 O Herói das Eras Parte 2

Mistborn Era 2 (Leya):

#1 A Liga da Lei

#2 As Sombras de Si Mesmo

#3 Os Braceletes da Perdição

Mistborn (Tor Books):

#1 Mistborn: Secret History

Warbreaker:

#1 Warbreaker

White Sand (Dynamite):

#1 White Sand Volume 1

#2 White Sand Volume 2

#3 White Sand Volume 3

Elantris (Leya):

#1 Elantris

#* The Emperor’s Soul

Mulheres Perigosas (Saída de Emergência)

#* Sombras Para Silêncio nas Florestas do Inferno

(*) conto incluído em antologia


Avatar de Nuno Ferreira

29 respostas para “Estive a Ler: The Way of Kings, The Stormlight Archive #1”.

  1. Avatar de
    Anônimo

    Viva,

    É pena é não podermos ler por cá, mas quem sabe um dia possa ser publicado.

    Grande comentário parabéns

    Abraço

    Fiacha

    1. Avatar de Nuno Ferreira

      Obrigado companheiro.
      Grande abraço e boas leituras. 👍

  2. […] #1 The Way of Kings […]

  3. Avatar de TBM novembro 2019 – Notícias de Zallar

    […] […]

  4. […] a ler The Stormlight Archive de Brandon Sanderson em inglês, numa publicação da Tor Books. The Way of Kings, o primeiro volume, foi absolutamente fenomenal. O primeiro livro de uma saga que deve ter dez […]

  5. Avatar de Vamos Falar Sobre 2019? – Notícias de Zallar

    […] The Way of Kings, Brandon Sanderson (aqui) […]

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